A Minha História da Dança

Vera Mantero

Biblioteca Camões, Lisboa PT, 5 Novembro 2019

Arquivo

© José Caldeira | TMP
© Pedro Figueiredo
© Tuna

Biografia

Estudou dança clássica com Anna Mascolo e integrou o Ballet Gulbenkian entre 1984 e 1989. Tornou-se um dos nomes centrais da Nova Dança Portuguesa, tendo iniciado a sua carreira coreográfica em 1987 e mostrado o seu trabalho por toda a Europa, Argentina, Uruguai, Brasil, Canadá, Coreia do Sul, EUA e Singapura.

Dos seus trabalhos destacam-se os solos “Talvez ela pudesse dançar primeiro e pensar depois” (1991), “Olympia” (1993), “uma misteriosa Coisa, disse o e.e.cummings” (1996), “O que podemos dizer do Pierre” (2011), “Os Serrenhos do Caldeirão, exercícios em antropologia ficcional” (2012) e “Pão Rico” (2017), assim como as peças de grupo “Sob” (1993), “Para Enfastiadas e Profundas Tristezas” (1994), “Poesia e Selvajaria” (1998), “k(ɘ) su’pɔɾtɐ i s(ɘ)ˈpaɾɐ i kõˈtɐj uʃ dojʃ mu’duʃ i õ’dulɐ” (2002), “Até que Deus é destruído pelo extremo exercício da beleza” (2006), “Vamos sentir falta de tudo aquilo de que não precisamos” (2009), “As Práticas Propiciatórias dos Acontecimentos Futuros” (2018), “Esplendor e Dismorfia” (2019) criada com Jonathan Uliel Saldanha para o Festival d’Avignon, e “O susto é um mundo” (2021). Também se destaca o projecto “SUB-REPTÍCIO (corpo clandestino)” (2012) concebido com Ana Borralho & João Galante, Rita Natálio e Joclécio Azevedo.

Em 2013 e 2014 criou as instalações performativas “Oferecem-se Sombras” e “Mais Pra Menos Que Pra Mais” (esta última em duas versões: ocupação da plateia e proscénio da Culturgest em 2013, e hortas urbanas criadas para a apresentação final em 2014, numa parceria entre a Culturgest e o Maria Matos Teatro Municipal, no âmbito do projecto Create to Connect, financiado pela Comissão Europeia). Estes projectos, bem como “O Limpo e o Sujo” – espectáculo estreado no Maria Matos Teatro Municipal em 2016, no âmbito do ciclo “As Três Ecologias”, que Vera Mantero comissariou com Mark Deputter e Liliana Coutinho – posicionam-se de forma clara relativamente a temas e preocupações fulcrais da actualidade: questões de sustentabilidade ambiental e económica, de coesão social e inclusão, de Cidadania. Em 2018, Mantero foi eleita pela Esglobal e pela Fundación Avina para integrar a Lista de Intelectuais Ibero-americanos Mais Influentes do ano, com foco em profissionais que contribuíram nos campos de sustentabilidade ambiental, económica, política e/ou social. Em 2020, criou a performance-conferência “Jurisplâncton” – no âmbito da pesquisa realizada na rede Terra Batida (proposta por Rita Natálio/Marta Lança) – como um estímulo para a consciência de uma ecologia interior e colectiva, a percepção do que são crimes ambientais e a função dos direitos da natureza; esta obra é posteriormente apresentada sob o título “All you need is plankton”.

O seu trabalho artístico tem sido amplamente reconhecido, com prémios institucionais como o Prémio Almada do Ministério da Cultura (2002) ou o Prémio Gulbenkian Arte pela sua carreira como criadora e intérprete (2009); através de iniciativas como a apresentação de uma retrospectiva do seu trabalho, organizada pela Culturgest em 1999, intitulada “Mês de Março, Mês de Vera”, ou a representação portuguesa na 26ª Bienal de São Paulo, em 2004, com “Comer o coração”, uma obra criada em parceria com o escultor Rui Chafes. Em 2014, o influente jornal brasileiro O Globo elegeu “Os Serrenhos do Caldeirão, exercícios em antropologia ficcional” como uma das 10 melhores peças de dança apresentadas nesse ano. A cidade do Fundão dedicou um ano à artista (Abril 2015 – Abril 2016), com um projecto intitulado “Passagem #2”, que inclui a apresentação de vários espectáculos, o trabalho com alunos de escolas locais e a recriação de “Comer o coração” para o circuito de arborismo do Parque do Convento, no Fundão. A nova versão, designada “Comer o coração nas árvores”, foi apresentada em 2016, no Jardim da Sereia em Coimbra, para a qual Rui Chafes preparou uma nova escultura. Em 2019 apresenta-se em várias salas de espectáculo e assume o nome de “Comer o coração em cena”.

Integra, desde 2014, o elenco da versão portuguesa de “Quizoola!”, de Tim Etchells/Forced Entertainment, ao lado de Jorge Andrade e Pedro Penim. Convidada por Boris Charmatz para integrar “20 Dancers for the XX Century” – um arquivo vivo dos solos coreográficos mais representativos do século XX – participou com alguns dos seus solos dos anos 90 nas apresentações na Tate Modern (Londres) e na Opéra de Paris/Palais Garnier (Paris) em 2015, no Tanzkongress na Staatsoper (Hannover) e no Museo Reina Sofía (Madrid) em 2016, e no IVAM – Institut Valencià d’Art Modern (Valência) em 2019. Colabora regularmente em projectos internacionais de improvisação, ao lado de improvisadores e coreógrafos como Lisa Nelson, Mark Tompkins, Meg Stuart e Steve Paxton.

Desde 2000 dedica-se igualmente ao trabalho de voz, cantando repertório de vários autores e co-criando projectos de música experimental.
Lecciona regularmente composição e improvisação, em Portugal e no estrangeiro.

 

“Para mim a dança não é um dado adquirido, acredito que quanto menos o adquirir mais próxima estarei dela, uso a dança e o trabalho performativo para perceber aquilo que necessito de perceber, vejo cada vez menos sentido num performer especializado (um bailarino ou um actor ou um cantor ou um músico) e cada vez mais sentido num performer especializadamente total, vejo a vida como um fenómeno terrivelmente rico e complicado e o trabalho como uma luta contínua contra o empobrecimento do espírito, o meu e o dos outros, luta que considero essencial neste ponto da história.”
Vera Mantero

www.orumodofumo.com

Sobre

“Todos nós, bailarinos, coreógrafos ou performers, recebemos de alguma maneira e por alguma via, mais académica ou mais autodidacta, uma ideia da História da Dança, ou da História das Artes Performativas, da qual nos sentimos “descendentes” (e talvez nos sintamos descendentes de várias Histórias ao mesmo tempo!). Houve certamente criadores coreográficos ou cénicos que nos fizeram entender a arte que fazemos da forma como a entendemos hoje. Cada um tem uma ideia específica de como essa História se desenrolou, e para cada um há determinados criadores e determinados movimentos e correntes artísticas que contribuíram para configurar a ideia de dança que tem e pratica e que, de alguma forma, está respondendo a essa História. Estas palestras dar‐nos‐ão a oportunidade de conhecer a História da Dança que cada um criou dentro de si.”

Vera Mantero

 

O ciclo de palestras A Minha História da Dança é um projecto desenvolvido desde 2011 pelo Forum Dança e O Rumo do Fumo. O projecto, inicialmente implementado em Lisboa, foi também apresentado em Viseu, Funchal e Barcelona, em parceria com: Teatro Viriato, Dançando com a Diferença e La Poderosa. O ciclo tem contado com o acolhimento de: Edifício (LX Factory), Espaço da Penha, Rede de Bibliotecas de Lisboa e Estúdios Victor Córdon/OPART.

O Forum Dança e O Rumo do Fumo são estruturas financiadas pela República Portuguesa – Cultura / Direcção-Geral das Artes. Projecto com apoio do contrato-programa com a Câmara Municipal de Lisboa / Direcção Municipal da Cultura / Divisão da Rede de Bibliotecas. Site co-financiado pelo Garantir Cultura, Compete 2020, Portugal 2020 e União Europeia através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional – FEDER.

Ficha de projecto

Agenda

2023

Ligia Lewis
27 de Abril às 18:30
Biblioteca do Palácio Galveias

Margarida Bettencourt
2 de Novembro às 18:30
Biblioteca Camões

 

Contacto

Forum Dança
Site: forumdanca.pt
E-mail: forumdanca[at]forumdanca.pt
Telefone: +351 213 428 985

 

O Rumo Do Fumo
Site: orumodofumo.com
E-mail: info[at]orumodofumo.com
Telefone: +351 213 431 646

 

Morada: Espaço da Penha, Travessa do Calado 26-B, 1170-070 Lisboa, Portugal

Forum Dança

O Forum Dança é uma associação cultural sem fins lucrativos, criada em 1990, cuja missão é promover a dança contemporânea, através da formação profissional e artística, da investigação, da edição e da documentação.

É uma plataforma de encontro dos profissionais e do público. Desenvolve projectos pedagógicos, seminários, residências artísticas, apresentações informais, workshops e aulas regulares dirigidos a públicos profissionais e amadores, adultos e jovens.

Durante a primeira década, o Forum Dança contribuiu enormemente para o desenvolvimento, reconhecimento internacional e consolidação do tecido artístico da Nova Dança Portuguesa através da produção e difusão internacional de espetáculos, da formação profissional e artística, da investigação, da edição e da documentação.

Manteve, desde então, uma atividade continuada com a comunidade profissional, apoiando a emergência de novos criadores e facilitando a sua inclusão em redes internacionais. Promoveu, também, acções de divulgação e de formação junto do público amador (adulto e jovem), sobretudo seminários, workshops e aulas regulares.

Na área da sensibilização e da formação, o Forum Dança concebeu e realizou, desde 1991, mais de 50 Cursos de Formação e Reciclagem Profissional em Lisboa, Porto, Faro, Torres Vedras e Vila do Conde, nomeadamente:

Tem igualmente prestado aconselhamento artístico e de produção a coreógrafos e companhias e dispõe de um centro de documentação especializado em dança, com cerca de 1500 obras de diferentes áreas artísticas e técnicas, revistas e catálogos de dança, assim como uma mediateca. O Forum Dança tem trabalhado nacional e internacionalmente com mais de uma centena de organizações em quatro continentes.

O Forum Dança é uma estrutura reconhecida como pessoa colectiva de utilidade pública nos termos do Decreto-Lei n.º 460/77, de 7 de Novembro, conforme despacho publicado no “Diário da República”, II série, nº 99, de 29 de Abril de 1998. O Forum Dança é uma estrutura financiada pelo Ministério da Cultura/Direcção Geral das Artes, pela Câmara Municipal de Lisboa e pela Fundação Calouste Gulbenkian. O Forum Dança pertence à REDE – Associação de Estruturas para a Dança Contemporânea.

www.forumdanca.pt

O Rumo do Fumo

Fundado em 1999 por Vera Mantero e apoiado desde então pelo Ministério da Cultura, O Rumo do Fumo é uma estrutura de criação, produção, difusão nacional e internacional, investigação, formação e programação, na área da dança contemporânea, que se posiciona num território artístico de carácter experimental e de pesquisa. Território que é também de alargamento do campo da própria dança e dos seus horizontes, caracterizando-se pela transversalidade das disciplinas artísticas e cruzamento de dança, música, teatro, literatura/poesia, artes plásticas e cinema.

Desde 2000, é responsável pela produção dos trabalhos de diversos artistas com o objectivo de criar os meios necessários ao desenvolvimento e consolidação das suas carreiras, assegurando-lhes uma maior continuidade no trabalho e facilitando possibilidades de circulação nacional e internacional. Entre 2000 e 2002, O Rumo do Fumo apoiou dez artistas, nomeadamente André Guedes, João Samões, Margarida Mestre, Mário Afonso, Miguel Pereira, Paula Castro, Paulo Henrique, Rafael Alvarez, Teresa Prima e Vera Mantero. Em 2002, a acumulação de trabalho, exacerbada pelo aumento das actividades de Vera Mantero e Miguel Pereira, resultaram na diminuição do número de artistas apoiados e, em 2004, o apoio concentrou-se em quatro artistas – André Guedes, João Samões, Miguel Pereira e Vera Mantero – o que permitiu delinear uma estratégia mais eficaz de produção, divulgação e difusão dos seus trabalhos. Desde 2008, a estrutura também apoiou pontualmente projectos de artistas emergentes, quer através do apoio à produção executiva, como no caso de Rita Natálio, Matthieu Ehrlacher e Pablo Fidalgo, quer através dos vários programas de apoio a novos criadores com programas de ensino e residências artísticas. Actualmente, O Rumo do Fumo representa os artistas associados Miguel Pereira e Vera Mantero, e apoia de forma pontual Elizabete Francisca, Henrique Furtado Vieira e Nuno Lucas.

Em Setembro de 2008, O Rumo do Fumo e o Forum Dança uniram-se para criar o EDIFÍCIO na LX Factory, e a partir de então a estrutura dispôs, pela primeira vez desde a sua criação, de um estúdio próprio. Este projecto representou um novo formato de colaboração no âmbito da comunidade da dança portuguesa, potenciador de novas dinâmicas de trabalho, e acolheu 102 projectos de criação e pesquisa, apresentações informais, conferências, seminários, workshops, o lançamento de publicações e eventos vários. A sinergia criada entre estas duas estruturas de produção tem vindo a consolidar-se no tempo, actualizando forças e valências com um novo espaço de trabalho desde 2014: o Espaço da Penha. Este espaço conta com a integração de vários estúdios, assim como espaços de outras estruturas artísticas, promovendo um cluster que se constrói e avança unido num novo e consistente pólo de trabalho.

O Rumo do Fumo construiu desta forma, e ao longo dos seus anos de actividade, uma sólida rede nacional e internacional de contactos e parceiros (instituições, teatros e festivais) em quatro continentes, com os quais mantém uma actividade regular através dos projectos dos seus artistas. Esta rede permitiu produzir um total de 115 criações e 315 eventos (workshops, palestras, encontros, mostras, etc.), apresentando 1169 espectáculos, 515 em cidades portuguesas e 654 em cidades estrangeiras.

Desde 2003, O Rumo do Fumo é membro co-fundador da REDE – Associação de Estruturas para a Dança Contemporânea.

orumodofumo.com
MACBA - Museo de Arte Contemporáneo de Barcelona, Barcelona ES, 13 Novembro 2021
Biblioteca Camões, Lisboa PT, 5 Março 2020
Biblioteca Palácio Galveias, Lisboa PT, 23 Junho 2022